sexta-feira, 15 de outubro de 2010


Capítulo 22: Telefonema

Enquanto todos estavam ocupados com seus respectivos compromissos, Yunho permanecia em sua casa, sozinho e entediado.

-Que saco –reclamava Yunho debruçado na varanda enquanto observava discretamente a movimentação na rua- Estão todos ocupados se divertindo e eu aqui no tédio.

Yunho virou-se para a porta. Estava com fome já que a única coisa descente que comera durante o dia fora um prato de lámen instantâneo. Tirou as sandálias que calçava antes de entrar na sala e foi para a cozinha procurar algo para se alimentar. Abriu a geladeira esperançoso em encontrar algo que lhe fosse de agrado, porém decepcionou-se rapidamente.

-Droga! Nada pra fazer nem para comer.

Foi quando Yunho viu pendurado na geladeira por um imã o folheto de uma pizzaria e lhe veio a ideia a mente. Ligou e pediu a maior e mais completa pizza do estabelecimento. Ao desligar, pôs o telefone sem fio sobre a mesa da cozinha e dirigiu-se à sala, onde sentou-se no sofá e ligou a televisão. “Vou aproveitar minha folga deles e vou me esbaldar” pensou com um sorriso nos lábios. Ficou imaginando a pizza que iria chegar em breve.

“Vou comer entes que eles voltem” gargalhava o rapaz com o pensamento egoísta.

-Caramba... Nada para ver na televisão também?

O rapaz trocava de canal insistentemente, mas nada que passava no televisor conseguia tirar o tédio que sentia. Então desligou a TV e permaneceu sentado em seu sofá, pensativo.

“Será que devo sair também? Não... Já pedi a pizza. Esquece.”

Levantou-se Yunho do confortável sofá e foi até o quarto onde ficavam os instrumentos e onde ensaiavam suas canções. Quando estava prestes a entrar na sala, sentiu uma forte corrente de ar gélido percorrer o corredor da casa. Como estava apenas com uma bermuda, sentiu certo frio e resolveu ir até a porta da varanda, fechando-a. Em seguida, voltou ao quarto de ensaio.

-Que bagunça.

O rapaz mal conseguia se mover pelo quarto cheio de objetos, mas logo se acomodou em uma cadeira. Ligou o piano elétrico e começou a tocá-lo, lentamente. Foi então que seu tédio desapareceu. Ele e a música estavam ligados de uma forma tão profunda que quando se conectavam, eram como se o mundo a volta não mais importasse. Aquele era seu mundo. As melodias e acordes eram como o ar que respirava. Começou a cantar e a bela harmonia invadiu a casa. Estava completamente concentrado no que fazia, porém foi desperto de seus pensamentos ao ouvir seu celular tocar. Correu para atender, mas estranhou o fato de ser um numero desconhecido.

-Alô?

-Oi. É Yunho que está falando?

A voz ao outro lado da linha era de uma jovem. O tom era firme, porém suave. Até então, uma voz desconhecida para o rapaz.

-Sim. Sou eu. Quem está falando?

-Yunho, seu chato! Quanto tempo, hein?

-Chato? Esta louca? Quem você pensa que é para falar assim comigo?

“Quem é essa idiota? Que abusada” pensava indignado.

-Não está reconhecendo a minha voz? É a Scarlett.

O nome soou-lhe com uma pequena familiaridade, mas não conseguiu lembrar-se de onde e a quem pertencia.

-Scarlett? –deu uma pequena pausa antes de continuar- Desculpe, mas não conheço nenhuma Scarlett.

Yunho deu um sorriso constrangido por não se recordar da jovem que realmente demonstrava conhecê-lo.

-Argh! –bufou a garota- Pelo visto continua o mesmo lerdo de sempre.

O rapaz pode ouvir os risos da jovem ao outro lado da linha, o que o deixou extremamente irritado.

-Olha aqui sua maluca! Eu não sei quem você é. Estou perdendo meu precioso tempo dando atenção a uma pessoa que só sabe me insultar. Da licença por que sou um homem ocupado e tenho mais o que fazer. Até.

-Espera! Deixa de ser lerdo e mentiroso por que eu sei que você ta fazendo nada de importante. Como pôde esquecer-se da voz da sua melhor amiga de infância?

Enquanto a garota falava, Yunho se sentia cada vez mais confuso. Aos poucos, a familiaridade na voz dela aumentava, mas o rapaz sentia-se frustrado por não lembrar-se de quem se tratava.

-Jung, meu querido... É a Cath.

Ou ouvir o apelido da jovem tudo se esclareceu em sua mente. Por mais que os anos passassem jamais esqueceria este nome. Pode recordar de seu tempo do colégio, amigos e brincadeiras que outrora havia esquecido. Cath e Yunho estudaram juntos da 3º a 6º série e eram amigos inseparáveis, apesar de sempre implicarem um com o outro. Porém ao se mudar de Seul com seus pais, Cath perdeu contato com o rapaz e desde então nunca mais se falaram.

-Não acredito. –exclamava Yunho incrédulo enquanto se levantava da cadeira e desligava o piano- Cath, quanto tempo! Nossa realmente eu não me lembrava de você.

O rapaz se retirou do quarto, fechando a porta após sair, e se dirigiu até o sofá da sala, sentando-se.

-Seu ingrato! Justo eu que fui sua melhor amiga e era a única que conseguia te aturar. Era para lembrar-se de mim eternamente.

Cath amava alfinetá-lo, afinal, era o que ela fazia de melhor quando estudavam juntos. Yunho estava radiante. Era bom conversar com uma velha e boa amiga, ainda mais quando se estava entediado. Não lembrava muito de Cath. O pouco que lembrava era que se tratava de uma menina não muito alta, possuía cabelos lisos e era muito simpática. Uma garota aparentemente comum, sem muitos atrativos na época, mas com uma personalidade forte e determinada, algo que ele admirava. Fazia mais de nove anos que não se viam e estava a imaginar como ela estaria atualmente. Teria mudado ou continuava a mesma?

-Yunho, lembra aquela vez que você me deixou trancada na sala de aula e só depois de duas horas que o inspetor me encontrou? Seu idiota.

O rapaz pôs-se a rir ao lembrar-se de como aprontava na sua adolescência.

-Verdade. Você estava furiosa. Foi muito engraçado.

-Engraçado foi a suspensão que você levou.

Ficaram um bom tempo recordando o passado. Era como se nunca tivessem se afastado. Estavam se divertindo com as diversas histórias de colegial. Yunho não parava de rir. Enquanto conversavam, todas as remotas lembranças de seus anos de adolescente voltaram rapidamente a sua mente. Acontecimentos bons e ruins que até então haviam desaparecido devido a correria do dia-a-dia estavam sendo recordados pelos amigos.

-Ainda tem contato com algum dos outros alunos, Yunho?

-Só alguns... Uns dois ou três no máximo. Mas nem conversamos muito. Mas contatos de e-mails e coisas assim. O tempo acaba nos afastando de pessoas que amamos. É uma triste realidade.

-É verdade.

-Somos um grande exemplo disso, né Cath?

A garota sorriu timidamente ao outro lado da linha.

-Infelizmente sim.

Foi quando uma curiosidade surgiu a mente de Yunho.

- Cath posso te perguntar uma coisa?

-Claro Yunho.

-Onde você conseguiu meu número? Por que resolveu me ligar só agora? Por que não me ligou antes?

Yunho riu de si mesmo pela quantidade de perguntas feitas a amiga. Parecia mais um interrogatório, mas não se importava. Estava curioso demais pelas respostas.

-Calma –sorriu Scarlett- uma coisa de cada vez. Foi assim... Há um tempo que eu tenho juntado dinheiro para construir meu próprio escritório de advocacia e como meus pais voltaram para Seoul já tem três anos e a saudade estava forte, resolvi construí-lo por aqui. Quero ficar mais perto deles e também eu já pretendia voltar para Seoul há um tempinho.

-Então você tornou-se uma advogada? –perguntou surpreso- Meus parabéns! Jamais imaginaria que aquela garota idiota se tornaria uma advogada.

Yunho riu. Apesar dos anos, ainda sentia prazer em irritá-la.

-Vá se ferrar Yunho, mas obrigada pelos parabéns. Fiz meu nome como advogada e agora que estou no auge da minha carreira e bem financeiramente, tive a oportunidade de ter meu próprio escritório. Você também não saiu perdendo. Tornou-se um cantor famoso e bem sucedido. Parabéns. Não seja ruim e depois me apresente um de seus amigos? Eles são tão lindos.

-Não tão lindo quanto eu que sou o líder do grupo.

O rapaz pôs ênfase na palavra “líder” para poder impressionar a jovem.

Cath estava amando conversar com Yunho depois de tanto tempo.

-Já vi que continua o mesmo convencido de sempre. Você não muda mesmo, né?

-Eu? Só disse a verdade. Mas não se anime muito com eles.

-Por que?

-Todos já estão envolvidos com garotas.

-Sério?

Cath parecia surpresa e de fato estava. Por eles serem famosos, imaginava que a primeira coisa que sairiam nos jornais e revistas a respeito deles seria sobre eles estarem namorando, mas nada havia lido a respeito.

-Sim... Mas não estão exatamente com relacionamentos firmes. Por exemplo... Yoochun e Changmin são o caso mais complicado.

-Por que complicado?

Cath estava curiosa. A conversa estava cada vez mais interessante, afinal, estava ficando a par de fatos íntimos do grupo mais aclamado de toda a Ásia. Se sentia privilegiada.

- É porque eles estão apaixonados por duas brasileiras e elas estão em seus países, entende? Então eles estão apenas se comunicando por e-mails e telefonemas.

-Hum... Entendi. Mas... e Junsu e Jaejoong?

Yunho deitou-se no sofá, acomodando-se, enquanto sorria ao contar as fofocas intimas de seus amigos.

-Junsu e Jaejoong estão tentando sair com duas meninas que trabalham na produtora. Junsu de fato conseguiu... Ele neste momento está se encontrando com a menina lá da recepção... Nathália se não me engano. Já Jaejoong... –Yunho pôs-se a rir- Como explicar... Bom... Tem uma outra garota lá, Carla, que trabalha no setor de finanças. Ele esta apaixonadinho por ela só que, pelo que parece, a garota não dá a mínima a ele. Esta garota é amiga da Nathália, paquera de Junsu. Junsu contou a Jaejoong que após o cinema ela iria se encontrar com Carla no shopping e o besta foi atrás, para um encontro que só existe na cabeça dele. Será que você entendeu? Por que eu me enrolei todo.

Cath pode ouvir as gargalhadas do rapaz pelo telefone e começou a rir.

-Entendi mais ou menos. Mas é uma pena, para mim, é claro.

Yunho arregalou os olhos juntamente com o sorriso que estampava seu rosto.

-Deixa de ser assanhada.

-Olha o respeito, idiota. Não sou assanhada, ok? –Cath falava firme- Eles são lindos, o que posso fazer. Pior você que é o único solteirão. Consegue ninguém.

Cath riu do amigo, que começou a fazer um escândalo pelo telefone.

-Pode parando, esta bem? Estou solteiro por opção. Tenho milhares de mulheres aos meus pés, só que sei selecionar a ideal.

Yunho voltou a sentar-se no sofá, colocando uma das grandes almofadas por cima de seu colo. Cath começou a gargalhar.

-É muito convencido mesmo.

Ambos se divertiam com a conversa e estavam se sentindo super à vontade.

-Mas continue... Você não respondeu minhas perguntas. Prometo não te interromper mais.

-Está bem... É o que eu espero –disse Cath sorrindo- Continuando... Voltei para Seul ontem à tarde e ainda estou arrumando as minhas coisas. Em meio à bagunça, encontrei minha agenda de quando estudávamos na 5º série. Me deu uma saudade, Jung. Tem que ver. Têm fotos de nossos amigos, professores. Mas uma em especial me fez te ligar. Era uma foto que tiramos, só nós dois no pátio. Você está super engraçado. Atrás dela tinha o telefone de sua casa. Resolvi arriscar para ver se ainda era o mesmo e sua mãe me passou seu número celular.

-Entendi! Poxa, que legal, Cath! Então você está na cidade. Vai ficar de vez?

-Sim.

De repente, como num passe de mágica, Yunho teve uma ideia, que segundo ele, era perfeita.

-Cath, esta ocupada?

-Não. Bom... Mais ou menos. Como eu disse, ainda tenho algumas coisas para arrumar por aqui. Mas por que a pergunta?

Yunho jogou a almofada ao lado do sofá, e pôs suas pernas sobre o mesmo.

-Vem aqui em casa para conversarmos melhor! Estou sozinho e esta um saco. Acabei de pedir uma pizza enorme e logo estará chegando. Como não nos vemos deve ter uns dez anos seria bom nos reencontrarmos. O que acha?

-Não sei Yunho...

Cath ficou meio sem jeito com o convite. Havia anos que não via Yunho, mas sempre o acompanhava por notícias. Era inevitável reparar em como ele havia amadurecido e se tornado um homem atraente e muito sensual. Foi então que correu para o espelho para se observar. Estava meio desarrumada e iria precisar tomar um banho antes de ir. Não queria que ele tivesse uma má impressão dela depois de tanto tempo.

-Deixa de bobagem, Cath. Se quiser eu vou te buscar em casa.

-Não precisa... Eu tenho meu carro. Basta me passar seu endereço que logo estarei aí.

Yunho sorriu de orelha a orelha. Finalmente sua noite estaria salva do tédio e justamente com uma velha amiga. Estava curioso pra ver como Cath estava e conversar sobre os velhos tempos. Passou o endereço a jovem e desligou em seguida.

Cath correu para o banheiro a fim de aprontar-se. Ela sabia como Yunho estava lindo e não queria que ele a visse mal arrumada ou tivesse um pensamento negativo sobre sua aparência. Queria causar um ótimo impacto sobre o rapaz.

Enquanto isso, Yunho levantou-se do sofá e foi em direção a varanda.

“Engraçado como ao crescermos nos esquecemos da nossa melhor fase... a infância e adolescência. Vai ser bom relembrar isso um pouco” pensou ao mesmo tempo em que cantarolava Balloons.

Próximo Capítulo: 22/10
Aguardem!

5 comentários:

  1. Hhsuahsuahsuahsuahs tinha q me tirar uma gargalhada no final neh!! "enquanto cantarolava balloons" Imagino o Yunho sozinho na varanda cantando balloons. hahaha

    Que fofooo, to doida pra saber como vai ser esse encontro *---*

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  2. quero ler o proximo capítulo to muito ansiosa

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  3. ADOREEEIIIIIII como sempre, meninas vcs são demais!!! ^^ A cada capítulo a história vai melhorando, toh louca pra ver a reação deles qd eles se verem *-*

    Mega ansiosa pelos próximos capítulos, quero saber o q aconteceu com os outros no shopping!! e tbm com o Yunho e a Cath, esse encontro promete uiuiuiu haushaushaus

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  4. HUSHUSAUHSAHUSAHUHUSAHUSHUSA
    Adorei!
    Meninas... Cada dia melhor!
    Continuem assim! \(^o^)/

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  5. Lindo *---* como vai ser o encontro???? *---*

    *ansiosa*

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