sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Capítulo 24: Shopping - Parte 2

Junsu e Nathália estavam se fitando por um longo momento. Nathália estava nervosa e curiosa.

“Poderia ficar melhor”, dissera Junsu há poucos instantes e desde então, o rapaz não parara de fita-la nos olhos, em silêncio. “Meu Deus... Quer nervoso!” pensava a jovem ao sentir seu coração acelerar.

-Junsu... Eu...

Neste momento, Junsu a interrompeu levando seu dedo indicador aos lábios da jovem, indicando que era para manter o silêncio. Em seguida, o rapaz começou a acariciar de leve os lábios da mesma. Nathália estava cada vez mais nervosa. Aquele homem magnífico estava ali, a sua frente, tentando-a. A sensualidade dele exalava como perfume as narinas de Nathália e a enfeitiçava. Foi quando o rapaz, lentamente, foi aproximando os lábios aos dela, hesitando no ultimo instante. Junsu fitou-a nos olhos. Não se importava com o filme e muito menos com as pessoas a sua volta. O que realmente o interessava mais do que tudo naquele momento era a presença da garota por quem ele estava apaixonado. Ficou a encará-la, com os lábios muito próximos, enquanto acariciava o rosto dela carinhosamente. Até que, sem mais resistir ao seu coração e desejo, Junsu tocou os lábios de Nathália com os seus, primeiro, suavemente e em seguida, aprofundando o beijo, demonstrando assim toda a paixão que estava sentindo por ela. Nathália, ao sentir aqueles belos e sensuais lábios unidos aos seus, não se conteve. A jovem abraçou o rapaz, e o beijou com todo o desejo que sentia.

Enquanto isso, Jaejoong disfarçava. O rapaz fingia ler uma revista da livraria enquanto vigiava Carla, que estava de frente para a outra prateleira, olhando um livro de autoajuda.

“Não vou desistir de você tão fácil assim, apesar de você ter desistido de mim antes mesmo de começarmos.” Pensava indignado com a atitude da moça.

Jaejoong continuava a encara-la por trás de uma das estantes, quando Carla virou-se em sua direção. Imediatamente, o rapaz correu para a prateleira ao lado a fim de que ela não o visse, afinal, se isso acontecesse, ele estaria encrencado. Porém, ao pular para o lado, Jaejoong esbarrou em uma pequena bancada com alguns livros promocionais, os derrubando ao chão e fazendo um grande barulho.

-Merda!

Sussurrou Jaejoong, voltando a prestar atenção em Carla, notando assim que ela estava prestes a sair do local. Disfarçando, Jaejoong foi seguindo a amada, tentando ser o mais discreto possível. Estava prestes a sair da loja quando sentiu as mãos de um homem segurar-lhe os ombros, fortemente.

-Aonde você pensa que vai?

O rapaz virou-se lentamente para ver de quem se tratava. Percebeu então que era um segurança da loja, que o fitava com um olhar impassível.

-Você viu que derrubou os livros? Acha que vai sair do estabelecimento e deixar tudo ao chão? Vai arrumar agora.

-Desculpe –disse Jaejoong impacientemente, ao ver que Carla estava na porta da livraria, prestes a sair- É que estou com pressa. Desculpe-me, mas tenho que ir.

Jaejoong virou-se e começou a andar em direção a saída, quando teve seu braço segurado pelo forte homem.

-Ei! –exclamou Jaejoong irritado- Me deixe ir. Você sabe com quem está falando?

-Sim. Perfeitamente. Com um cantorzinho que acha que pode fazer o que quiser. Aqui você é como qualquer um. Só sai daqui quando arrumar a bagunça que você fez.

Jaejoong fitou o segurança nos olhos, irritado, mas teve que ceder, afinal, se ele não fizesse o que o homem dizia, não sairia dali nem tão cedo e precisava correr. Foi então até a bancada e começou a catar os livros rapidamente, sempre olhando para a saída da livraria com o objetivo de manter Carla em seu campo de visão. Em menos de um minuto, todos os livros estavam de volta ao lugar. Jaejoong arrumou tudo da forma mais rápida que pode e então correu até a saída da livraria e pôs-se a olhar de um lado para o outro.

-Merda... Aonde será que ela foi?

O rapaz percorria seus olhos, desesperadamente, a procura de sua amada, até que a avistou, já há certa distancia, indo em direção contrária. Rapidamente, Jaejoong acelerou os passos para alcança-la, parando por um momento, atônito, com a cena que acabara de ver. Logo a sua frente, cerca de uns 300 metros, estava Yoochun e Camila juntamente com Changmin e Thamiris, passeando sorridentes pelos corredores do shopping. Ele observou as jovens atentamente. Seria Camila e Thamiris mesmo? Ou esse intuito de perseguição estava contribuindo para que ele visse coisas de mais? Porém a certeza de que realmente seriam elas persistia a todo o momento.

Camila sorria para Yoochun alegremente quando notou Jaejoong parado, a uns metros de si, fitando-os assustado. Rapidamente, ela cutucou seus amigos, que olharam.

-Deus... –dissera Yoochun, virando de costas para o amigo- O que vamos fazer?

Os casais trocaram olhares e permaneceram em silencio, sem saber como agir, afinal, Jaejoong não sabia que as meninas se encontravam no país.

Jaejoong continuou parado, no meio do shopping, os fitando, completamente confuso e boquiaberto.

“São eles mesmos? Não pode ser! Elas estão no Brasil. Yoochun e Changmin teriam nos contado a respeito! Alias... eles estão visitando o amigo doente. Mas... São tão parecidos...”.

O que impedia de Jaejoong ter certeza sobre quem seriam os casais logo a frente era o fato de haver muitas pessoas à volta, andando de um lado para o outro, porém algo o incomodava. Tinha certeza de que aqueles dois homens eram seus amigos.

“Nãããão... devo estar vendo coisas. Melhor eu seguir Carla” pensava, ainda confuso. Ao virar-se para ver onde sua amada estava, desesperou-se por perceber que a tinha perdido de vista.

-Droga... –falava para si mesmo enquanto olhava para os lados- Onde ela se meteu?

Enquanto tentava avista-la novamente, Jaejoong foi empurrado.

-Sai do caminho, rapaz.

Um senhor que passava e havia esbarrado em Jaejoong alertara. Foi quando percebeu que estava atrapalhando a passagem.

-Me desculpe.

Sorriu Jaejoong para o senhor, meio constrangido e em seguida voltou a concentrar sua atenção em Yoochun, Changmin e nas meninas que aparentavam ser Camila e Thamiris. Já que havia perdido Carla de vista, estava disposto a esclarecer a confusão. Ao olhar na direção onde os casais estavam, percebeu que eles também não estavam mais lá.

-Sumiram? –observava o rapaz pensativo- Devo estar louco...

Jaejoong coçava a cabeça enquanto fazia uma cara engraçada e confusa.

-Quer saber? Cansei... Vou para casa antes que Yunho de por falta a moto que peguei emprestado.

O rapaz então seguiu em direção ao estacionamento, com a cabeça avoada e pensativa.

Voltando um pouco a história...

O que Jaejoong não sabia era que enquanto ele voltava sua atenção à procura de sua amada, após ver os casais, era que Carla tentava fugir do rapaz.

Ela não era boba, e sabia que ele voltara a segui-la. Porém, na tentativa de desaparecer, a jovem acabara esbarrando em Yoochun.

-Me... Desculpe-me.

Ao perceber de quem se tratavam as pessoas que estavam a sua frente, Carla levou um susto.

“Deus... Yoochun e Changmin. Em uma noite avistei três dos DBSK. Ou sou muito sortuda ou muito azarada” pensava enquanto um tímido sorriso aparecia em seus lábios.

-Tudo bem. –respondera gentilmente Yoochun- Não se preocupe. Gente... Vamos sumir daqui o mais rápido possível antes que Jaejoong nos alcance.

-Verdade Hyung. Quero ver a cara de bobo dele. - Disse Changmin sorridente.

Ambos trocaram olhares e sorrisos e decidiram pregar uma peça em Jaejoong.

-Colega, quer nos ajudar?

Camila olhava Carla com os olhos brilhando.

-Ajudar? Eu? Como?

-Você pode nos ajudar a nos esconder de um amigo nosso que esta aqui perto? Ele não pode nos ver.

Thamiris afirmara olhando fixamente para Carla enquanto exibia um sorriso gentil. Carla ficou sem graça com os olhares de Yoochun e Changmin para si, e acenou com a cabeça, em sinal de aprovação.

Logo, os cinco se apressam e entram em uma loja de roupas e ficam parados, observando Jaejoong completamente zonzo no meio da multidão. Yoochun começa a rir do amigo, sendo acompanhado pelos demais.

-Olha pra ele! –dizia Changmin em meio aos risos- Está completamente perdido!

-Coitado. –gargalhava Thamiris não desgrudando os olhos do rapaz- Ele deve estar super confuso.

Yoochun gargalhava histericamente ao ver o rapaz tropeçando.

“Nossa! Como Jaejoong esta sexy” pensava Camila rindo.

“Jaejoong está esplendido. Se não fosse pelo meu Changmin... Com certeza eu pegava!” Pensava Thamiris sorridente olhando atentamente o rapaz.

Carla sorria timidamente, sem fazer comentários, pois não se sentia a vontade, afinal, não tinha intimidade com os rapazes e as jovens que os acompanhava. Yoochun notou que a jovem estava sem jeito e resolveu quebrar o gelo.

-Obrigado –dizia ele a Carla, tentando controlar o riso- Como se chama?

Ela fita o belo homem, sem jeito ainda, e sorri.

-Me chamo Carla. Não precisa agradecer. Foi divertido.

-Prazer em conhecê-la, Carla. –sorriu Thamiris- Parece até que você adivinhou o que queríamos. Como soube?

No mesmo instante, todos pararam para fitar a jovem, curiosos. Carla, por sua vez, começa a ficar nervosa e incomodada. Voltou a olhar para Jaejoong e notou que o rapaz estava indo embora.

“Acho que desistiu. Já era tempo!” pensou e rapidamente voltou a fitar os rapazes, sorrindo timidamente.

-Desculpem... Tenho que encontrar uma amiga e estou atrasada. Até mais.

A jovem então sai da loja rapidamente e Yoochun e Changmin se fitam confusos.

-O que é que deu nela?

Dizia Yoochun enquanto dava de ombros e abraçava sua namorada.

-Sei lá Hyung. Garota estranha.

Changmin estava abraçado a Thamiris, observando a garota sumir de sua vista. Porém Camila e Thamiris trocam olhares confusos, como se uma lesse o pensamento da outra. Algo estava errado. Decidiram então esquecer aquele breve e inusitado acontecimento e seguir com o passeio.

Dentro da sala do cinema, Junsu e Nathália não tinham a mínima ideia sobre como estava seguindo a historia do filme. Desde que se beijaram, não conseguiram mais se desgrudar. Junsu estava completamente apaixonado e se sentia exultante por sua amada estar correspondendo aos seus carinhos. Após separarem brevemente os lábios, o rapaz exibiu um sorriso fofo e sexy para Nathália.

-Esta gostando da programação, amor?

Nathália lança um sorriso tímido e eufórico.

-Se estou gostando? Eu estou amando! Tudo ao seu lado fica perfeito, Junsu.

Após dizer as palavras, Nathália sentiu seu rosto corar. Junsu por sua vez, sorriu e aproximou-se mais uma vez para beija-la. Nathália estava vivendo um sonho ao lado daquele magnifico homem. De repente, todas as luzes se acenderam e foi quando se deram conta de que o filme havia terminado. Junsu cerrou um pouco os olhos, esperando que eles se acostumassem com a forte luz.

-Mas já? Que filme rápido!

Nathália começou a rir, sem graça. Seu encontro estava sendo o mais perfeito possível. Levantaram-se então e saíram do local.

-Junsu... Obrigada pela noite. Foi perfeita, mas agora tenho que ir me encontrar com minha amiga. Muito obrigada!

-Tudo bem, linda. –ele exibia um sorriso lindo- Não precisa agradecer, afinal, foi perfeita apara mim também.

Mas uma vez o rapaz se aproximou de Nathália, dando-lhe um beijo apaixonado. Terminaram de se despedir e Nathália seguiu até o local que havia combinado com Carla depois que o filme tivesse terminado e Junsu seguiu para o estacionamento.

Enquanto isso... Yunho estava deitado em sua cama, pensativo, quando ouviu a porta da sala bater. Não demorou muito para Jaejoong chegar ao quarto.

-Olá Hyung. Como foi seu encontro?

Yunho fitava o amigo, sorrindo.

-Não saiu como o esperado. –dizia o rapaz sentando-se em sua cama, de frente para a cama de seu amigo. - Ela me tratou mal e disse para parar de persegui-la.

Jaejoong deu de ombros ao mesmo tempo em que deitava de forma largada sobre a cama.

-Já era de se esperar, Jaejoong. Apesar de que ela é a primeira que faz isso né. Por isso você parece um louco.

Yunho voltou a deitar, olhando para o teto, perdido em seus pensamentos. Jaejoong ficou a observar o amigo e notou que havia algo de errado. Ele estava completamente diferente do Yunho de antes. Voltou a sentar-se, não desgrudando os olhos do amigo.

-O que houve Yunho?

Não houve respostas. Yunho permanecia em silencio com um sorriso sonhador nos lábios, e agiu como se não tivesse escutado.

-O QUE HOUVE, YUNHO?

Foi um grito. Yunho deu um pulo da cama, assustando-se.

-Não grite... Não sou surdo.

Yunho resmungava fazendo um biquinho fofo.

-Mas parece. Você esta estranho. Aconteceu algo enquanto estava fora? - perguntou Jaejoong curioso.

Yunho sorriu de leve, deixando escapar um suspiro.

-Você não vai acreditar... Nem eu acreditei.

O rapaz explicou tudo o que havia acontecido desde a ligação a visita de sua velha amiga. Jaejoong escutava tudo atentamente e não deixava de notar no tom de voz dele, a alegria e emoção.

-Hum... Que maneiro Hyung. –sorriu Jaejoong, levantando-se na cama e indo em direção à cozinha- Você está apaixonado!

Na mesma hora, Yunho deu um pulo da cama.

-O que? –dizia ele sorrindo constrangido- Está louco? Ela é uma amiga. Apenas isso.

Jaejoong fez um biquinho que se misturou a um sorriso sínico. Em seguida, foi à cozinha, deixando o rapaz no quarto, sozinho e pensativo. Yunho voltou a deitar-se e a perder-se em seus pensamentos.

“Apaixonado? Eu?... Não!”

Exibiu um sorriso e voltou a passar as cenas da noite com Cath em sua mente, pela quinta vez desde que deitara.

Próximo Capítulo: 05/11
Aguardem!

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Capítulo 23: Uma Linda Surpresa

Scarlett estava ansiosa para rever seu velho amigo de infância. Yunho havia mudado bastante, pelo que ela notara nas fotos que saiam na mídia. Mas não era apenas ele que tinha crescido. Ela também havia amadurecido bastante com o decorrer dos anos. Tinha consciência de que havia se tornado uma bela mulher e de como os homens a olhavam. “Quero ver sua reação ao me ver, seu idiota!” pensava com um sorriso nos lábios enquanto se observava no espelho. Logo em seguida ela mordiscou os lábios e ajeitou seus lisos e sedosos cabelos. “Agora sim estou pronta para ir” Falou ela para o vazio e aconchegante quarto. Abriu a porta e seguiu para seu encontro com Yunho.

Enquanto...

Yunho estava novamente na varanda, observando a noite enquanto lembrava-se dos bons momentos que passara com Cath, afinal era muito engraçado aturar aquela garota que tinha um gênio bem forte. Como estaria ela agora? O mesmo ficou surpreso em saber que ela se formou em advocacia. Porém sabia que seu jeito de ser era incrível, e tudo o que ela mais sabia fazer no colegial era defender quem ela mais gostava. Ou seja, evidentemente "EU" sussurrou ele, sorrindo de leve. Entretanto o cantor sabia que podia se defender muito bem sozinho, mas Cath nunca gostava de ficar longe de confusões.

Yunho recordava dos momentos em que passaram à tarde no colégio por não possuírem disciplina. Também se lembrava das implicâncias que ela tinha com ele, das brincadeiras e provocações. “Como consegui aturar por tanto tempo aquela menininha irritante e mimada?” O mesmo voltou a sorrir só de lembrar. Era fascinante ver que ela embora fosse uma menina delicada, era também decidida em todos os aspectos.

“Bom... Delicada podia até ser, mas indefesa jamais.” Pensou.

Será que ela continuava sendo a mesma de sempre, ou seu jeito único de ser se foi conforme crescia e se tornara uma mulher? Estas e diversas perguntas afloravam-lhe a mente enquanto observava o céu estrelado. Decidiu ir ao quarto para se arrumar.

“Ela não pode me ver só de bermuda e todo largadão.”

Foi até seu guarda-roupa e escolheu uma roupa mais descente. Vestiu uma calça comprida preta de poliéster, o que segundo ele, era o mais confortável. Vestiu também uma blusa regata preta, simples. Yunho estava com um sorriso contagiante nos lábios ao mesmo tempo em que se gabava de tamanha beleza que ele possuía enquanto penteava os cabelos, que ainda se encontravam ligeiramente úmidos do banho que tomara antes de Jaejoong sair.

“Com certeza ela vai cair pra trás ao me ver. Vivia dizendo que eu era feio e idiota... Vai se surpreender e terá que admitir como eu fiquei lindo!”

Seguiu para sala, até que ouviu um barulho estranho e notou que era sua barriga. Embora estivesse disperso em seus pensamentos, sua fome não havia diminuído.

“Mas que lerdeza para entregar uma pizza! Daqui a pouco a Cath chega e nada.”

Pensava Yunho, nervoso com a demora. O rapaz foi até a sala e pegou seu celular que estava sobre a estante. Procurou o número que o havia ligado e anotou na agenda do aparelho

-Cath... –disse o rapaz olhando o celular- Está salvo.

O rapaz sorriu ao olhar para o vazio até que ouviu o toque da campainha e correu para abrir a porta.

-Nossa... Já era tempo! Estou esperando uma visita e...

Parou ao ver a linda moça que o fitava.

“Uau. Demorou muito, confesso, mas com certeza valeu a pena receber a pizza junto com esta mulher linda." Pensou boquiaberto, sorrindo em seguida com o pensamento.

- Olá, Boa Noite. - disse a jovem com um sorriso contagiante nos lábios.

Yunho percebeu que sua voz era firme e suave. Ele se aprofundou nos seus vibrantes olhos castanhos que pareciam causar algo inexplicável dentro de si. Seu rosto exibia certo frescor. Ao suspirar, Yunho pode sentir seu suave perfume, que lembrava cheiro de rosas. O mesmo observou que seus lábios possuíam o contorno perfeito.

“Ganhei na loteria, só pode ser cara".

Por dentro o cantor pulava, embora passasse outra reação para a moça na porta. A linda jovem vestia um short preto sofisticado, e Yunho não deixou de reparar na blusa branca com a marca do sutiã quase invisível por baixo, combinando assim com sua pele clara. Ele notou que a mesma tinha um corpo com curvas perfeitas.

“Da onde pode ter saído essa rosa perfeita? Passei por tantos jardins (fãs) e não a encontrei. Nossa... Sou um grande poeta. Vou compor uma música assim.” Pensava ele, sorrindo com sua brincadeira, maravilhado com a beleza dela.

Scarlett estava ficando completamente sem jeito por Yunho observa - lá de uma forma diferente e em silêncio. Silêncio que a corroia por dentro.

“O que esse idiota tanto olha? Será que se decepcionou?” pensou ela enquanto analisava o lindo cantor. Scarlett notou que ele estava mais lindo pessoalmente do que em fotos. Nem parecia aquele velho Yunho que ela havia conhecido na escola. Antes ele era franzino, magrelo e sem atrativos, mas o homem que estava a sua frente era robusto, másculo e atraente. Ela acompanhava o grande sucesso que ele havia conquistado no grupo DBSK e sentia um grande orgulho. A mesma não deixou de reparar nos cabelos do rapaz que estavam soltos e úmidos.

“Uau, ele está mais belo do que nunca, bom, espero que ele pense o mesmo de mim". Até que seus olhos foram descendo um pouco mais até visualizar o quão musculoso ele estava. Dava para perceber pelo simples fato de sua camisa está marcando seu lindo peitoral.

Scarlett estava paralisada juntamente com ele.

"Afinal o que eu faço? O abraço, beijo, ou cutuco igual fazíamos quando éramos menores?" A pergunta persistia em seus pensamentos a cada minuto que se passava, e notava que ele não parava de jogar olhares misteriosos para ela, o que a estava deixando incomodada.

- Só... Só... Um minuto que eu vou buscar o dinheiro. Não saía dai, já volto moça.

Disse ele, gaguejando e sorrindo de ponta a ponta, desviando para buscar o que havia mencionado até então. Scarlett ficou espantada com a reação do rapaz.

“O que é que esse doido foi fazer? Que dinheiro ele esta falando?” pensava, refletindo, porém nada lhe vinha à mente. Foi quando se lembrou de umas palavras que ele mencionara na ligação. “Acabei de pedir pizza enorme e logo estará chegando".

“Espera ai... Será que... Que... Ele ta pensando... Não acredito que esse maluco acha que eu entregaria pizza com salto alto e de short, ele só pode estar brincando... Não é possível. Por acaso tenho cara de entregadora de pizza?" pensava indignada.

Yunho caminhou até a estante de vidro da sala, pegando o dinheiro, todo animado. "Realmente estou com sorte hoje” pensava enquanto chegava novamente perto daquela moça de feição linda e simpática. Porém ao se aproximar, mergulhou mais uma vez nos olhos profundos que a garota possuía, notando assim algo de diferente e familiar, mas não sabia distinguir o que era. Só sabia que sua expressão era de uma vivacidade inexplicável.

- Ééé... Onde está a pizza? Estou morrendo de fome.

Disse Yunho sorridente e com suas mãos envoltas na barriga sarada. Scarlett apenas o observava, o que por sinal estava deixando ele bem intrigado. Ela resolveu entrar na onda e brincar um pouco com o rapaz, afinal não tinha culpa nenhuma se ele era tapado.

- Bom... Desculpe mas eu não vim entregar pizza alguma Yunho.

Scarlett aproximou-se do jovem enquanto falava, percebendo assim que ele ficava cada vez mais sem reação. Ela estava adorando deixar ele sem jeito, somente com um simples gesto. "Afinal homem é muito bobo mesmo", pensava ela debochadamente.

- Não? Caramba, perdão então... -o rapaz hesitou um pouco e depois uma chama de ideias veio-lhe a mente.- Já sei você veio pedir açúcar não é? Mas tenho que te avisar o seguinte: sou péssimo cozinheiro e, portanto nem chego muito perto da cozinha. Então... Por que você não entra e me ajudar a procurar? Vai ser um grande prazer, acredite.

Yunho mencionara as palavras sonsamente, para não deixar transparecer a ansiedade de ver aquela beldade dentro de sua casa.

“Jesus amado, paciência é o que não falta em mim, mas vou te contar hein? O que ele tem bonito, também tem de total burrice".

Ela arregalou seus olhos brilhantes ao escutar o que ele falara.

“Ele está viajando feio, Será que ele nem imagina quem sou?”.

- Não... É claro que não quero açúcar.

Negou a bela jovem em tom decepcionado. Até que a mente de Yunho refletiu por instantes, afinal o que uma linda moça como ela estaria em frente a sua casa em plena noite? Tudo bem que ele era importante, e que fãs dariam tudo para persegui-lo, porém tinha algo que não estava se encaixando nisto tudo. Por que pelo que ele sabia a segurança do prédio era completamente competente, e de nenhuma forma deixariam uma fã entrar do nada ali.

- Desculpe então Senhorita. Mas... Se não é a entregadora e nem a visita que aguardo... O que deseja?

Neste momento, Yunho estava intrigado. O que uma linda mulher como ela queria com ele?

-Meu Deus, Yunho. Pelo visto você só cresceu fisicamente, por que mentalmente continua o mesmo tapado de antes. Fala sério. É a Cath, seu demente.

Ao ouvir o nome da jovem, Yunho deu um pulo para trás, incrédulo. Se não fosse pelo jeito de falar e pelos apelidos “carinhosos” que ela lhe deferia, igual no colegial, ele nunca acreditaria que realmente fosse ela.

-Ca... Cath? É você mesmo?

-Não. –respondeu a jovem com um sorriso debochado nos lábios enquanto cruzava os braços- É a Rainha Elizabeth. É claro que sou. Quem mais seria?

“Mas como? Como ela mudou. Não acredito.” Pensava Yunho, levando às mãos a boca.

-Como é que é? Se você me chamou pra ficar com esta cara de retardado e me deixar em pé aqui fora eu vou embora.

Foi quando Yunho caiu em si. Ficou completamente sem jeito pelo fato de estar realmente agindo como um tapado. “Mas que vergonha. Eu babando pela minha amiga de colégio. Ela deve estar achando que sou um completo idiota.”

-Perdão, Cath. –soltou um suspiro enquanto ajeitava os cabelos que lhe caiam sobre a face- Entre, por favor. Desculpe o mau jeito, mas é que... Jamais imaginava que fosse você.

Após a jovem entrar na casa, Yunho trancou a porta e a acompanhou até a sala de estar.

-Por que nunca imaginava que fosse eu? Estou tão diferente assim?

Cath sabia que estava deixando seu amigo sem jeito e estava adorando.

“Viu? O patinho feio virou um belo cisne. Agora agüenta, Yunho bobinho” sorria Cath, com o breve pensamento.

-Não... Quer dizer... Sim. Bom...

Scarlett não resistiu e começou a gargalhar da reação que Yunho estava demonstrando diante dela. Nem parecia o mesmo rapaz metido de antigamente. Nunca havia visto o amigo tão desconcertado diante de sua presença como estava agora. Pode notar o rosto ruborizado de Yunho a fitá-la.

-Do que você esta rindo? Posso saber?

-Da sua cara de bobo. Que foi? Admite logo que você está impressionado com a minha beleza.

-O que? –Yunho não ia dar o braço a torcer. - Quem disse que você esta bonita? Só por que ta mais arrumadinha?

-Não me importo com suas palavras. Seu rosto já diz tudo. Alias, seu rosto contradiz completamente o que sua boca profere. E deixa de ser sem educação. Não vai nem me dar um abraço depois de tanto tempo?

Scarlett se aproximou de Yunho, o abraçando forte e gentilmente. O rapaz, ao retribuir o gesto, pode sentir o sensual corpo da jovem comprimir-se contra o seu. Um arrepio então lhe percorreu a espinha e sentiu seu coração palpitar, até que se afastaram. Foi então que os olhos do rapaz foram de encontro ao pescoço da linda jovem. Cath pode notar o olhar fixo e insistente de Yunho para si, o que a deixou completamente sem jeito e furiosa. Yunho estava olhando para seus seios, pelo que pode perceber.

- Já achou o que procurava aí?

Yunho a encarou novamente, com sua bochecha vermelha. Pelo jeito ela interpretou de forma totalmente errada. Cath lhe deu um tapa no abdômen definido.

- Eu não olhei para onde você pensou que estava olhando, sua avoada.

- A não? Seu mentiroso. E avoada o caramba. Além de chato é sínico ainda por cima.

Yunho se divertia com a jovem, mas ainda se encontrava meio sem jeito. Não sabia ao certo o motivo por qual estava tão desconcertado. Era como se fosse outra mulher e não a Cath de antigamente. Ela continuou dando leves tapas no rapaz.

- Claro que não. Somente olhei para o cordão que eu te dei.

Scarlett observou atentamente o semblante dele, a fim de saber se era verdade ou não.

- Sei... Sei... Me engana que eu gosto.

-Sério. Nem lembrava que havia dado de presente para você. Era meu cordão favorito. –disse pensativo- Nunca imaginaria que você o tivesse guardado por tantos anos.

Foi quando Cath notou o olhar impassível do rapaz e pela primeira vez, desde que entrara na casa, sentiu-se constrangida.

-É um cordão muito importante para mim, Yunho. –disse a jovem seriamente- Você me entregou no dia em que viajei. Foi seu presente de despedida. Desde aquele dia que o guardo junto a mim com todo carinho.

Ambos fitaram-se em silencio por um grande momento. Uma onda de sentimentos vieram à tona de ambas as partes. Ao recordar do dia em que dera o valioso presente a amiga, lágrimas vieram aos olhos do rapaz. Aquele havia sido um dos dias mais angustiantes para ele... O dia em que sua melhor amiga estava indo embora de sua vida. Pode lembrar-se de como chorou ao vê-la entrar no carro com sua família e partir para longe de si. O silêncio, que insistia em persistir era sufocante.

-Cath, me da licença... Preciso ir ao banheiro rapidinho. –disse enquanto dava as costas para a moça. - Por favor, fique a vontade. Volto já.

Scarlett pode perceber a emoção na voz do rapaz.

-Claro Yunho.

Ao entrar no banheiro e fechar a porta, as lagrimas que até então estavam sendo reprimidas, desceram-lhe sobre a face.

“Como você está diferente... Como está linda... Nossa... Como senti sua falta” pensou o rapaz enquanto tentava recuperar o fôlego. Foi então que pode ouvir o toque da campainha. Finalmente a pizza havia chegado. Saiu do banheiro e foi até a sala. Scarlett estava sentada no grande sofá branco, linda, de pernas cruzadas.

-Deve ser a pizza –disse sorrindo- Está com fome, Cath?

-Um pouco - respondeu enquanto se levantava. - Acho que vou aceitar uma fatia sim.

Scarlett lançou um sorriso encantador para Yunho, o que fez com que seu coração acelerasse um pouco além do normal. Direcionou-se até a porta e pegou a pizza, entregando o dinheiro ao entregador em seguida.

-Demorou, hein rapaz?

-Desculpe senhor. É o transito.

-Sei...

Quando fechou a porta, sorriu para a Scarlett todo feliz com a pizza na mão.

- Nossa sonhei com esta pizza a tarde inteira.

- Isso que é dar valor a um alimento hein? E eu pensando que era o seu amigo Changmin que comia muito. – disse Cath debochadamente.

Yunho caminhou até a mesa colocando a caixa da pizza. E logo em seguida foi até a cozinha pegar os pratos e talheres.

-Sou um homem grande e forte... Preciso me alimentar bem. É normal sentir muita fome. Changmin é um esfomeado. Ele sempre tem uma desculpa para estar comendo a todo instante. Come porque esta triste, come para ficar feliz e assim por diante. Eu sou diferente... Apenas como para por necessidade e não por hobby.

Cath sorria debochadamente para seu amigo.

-Desculpa esfarrapada essa.

De repente Yunho mostrou-se pensativo. “Onde é que todos estão em falar nisso? Tem alguma coisa bem errada com eles."

- No que você ta pensando? Posso saber?

Scarlett enchia seu prato de ketchup enquanto interrompia os pensamentos de Yunho.

- Eu estava aqui refletindo sabe... Tipo... Até dois meses atrás os quatro não tinham nada pra fazer e de um dia para o outro, ninguém em casa. Isso é bem estranho.

Scarlett caminhou até o confortável sofá enquanto escutava. Yunho arregalou os olhos quando a viu com o prato recheado da cor vermelha em pleno sofá branco. “Isso não vai prestar”. Mas resolveu ficar quieto. Afinal Cath sempre foi tão cuidadosa com essas coisas. E resolveu fazer o mesmo que ela.

- Sabe, acho que você não deveria se intrometer na vida dos outros seu enxerido.

Scarlett começou a gargalhar enquanto o rapaz se sentava ao seu lado.

- Muito, mas muito engraçado o que você disse. Como se você não fosse. E o pensamento que eu dividi com você não é por que sou enxerido, e sim por que sou o líder do grupo, e preciso ter ideia de onde aqueles marmanjos vagabundos estão, caso o produtor ligue marcando algo, ou queira falar com eles.

O rapaz mais uma vez pôs ênfase a palavra líder.

-Já reparou que você adora falar LÍDER?

-Fazer o que se sou o mais apto, organizado e maduro dos cinco para exercer tal função.

Cath não agüentou ao ouvir a afirmação do amigo e começou a gargalhar histericamente e resolveu parar de comer para não se engasgar.

-Você? Organizado? Maduro? Que piada.

Enquanto ele via Cath em meio a risos, aproveitou para observá-la melhor. Reparou em quão perfeita ela havia se tornado. Em nada lembrava a menina ingênua, irritante e sem graça de antigamente. Tinha o sorriso mais lindo que ele já vira. Yunho achava que seu sábado iria ser o mais solitário de todos os outros, porém Cath transformou este dia no mais encantador possível.

-Cath...

A jovem, que ainda ria do rapaz, parou, enxugando as lágrimas para fita-lo.

-Que foi Yunho?

Ela ainda tentava controlar o riso quando o rapaz a abraçou inesperadamente. Scarlett sentiu-se completamente envergonhada pela atitude que ele havia tomado. Ficou imóvel, sem entender o motivo do súbito carinho. Até que o jovem afastou-se e lhe sorriu carinhosamente.

-Muito obrigado por ter voltado, sua menina mimada e irritante.

Ao terminar de falar, Yunho deu-lhe um peteleco na testa, mesma atitude que tinha quando estudavam juntos. Sempre que fazia isso, Cath ficava furiosa com ele, o que o divertia profundamente.

-Seu imbecil... Sabe o quanto isso me irrita.

Sorriu a jovem, tentando disfarçar a timidez.

-Eu sei. Por que acha que sempre adorei fazer isso com você?

Ambos terminaram de comer a pizza e ficaram conversando sobre o tempo de colegial por um bom tempo, até que Scarlett viu que já era hora de ir embora.

- Eu tenho que ir. Já é tarde e os meninos já devem estar chegando ai.

Scarlett já havia se levantado e estava ajeitando seu shortinho preto. Yunho levantou-se junto e a acompanhou até a porta de sua casa.

-Obrigado por ter vindo. Foi ótimo.

Yunho sorria timidamente e falava um num tom suave enquanto observava a jovem que o fitava lindamente.

-Imagina. Foi muito bom te ver depois desses anos. Até mais, Oppa.

Scarlett aproximou-se do rosto do rapaz, dando-lhe um carinhoso beijo. Yunho fechou os olhos ao sentir os lábios macios da jovem tocar-lhe a face e com a proximidade de seu corpo ao dela, pode respirar o gostoso perfume que ela exalava. Ao se afastar, Cath lançou mais um sorriso para Yunho, que retribuiu ao sentir seu coração pulsar.

-Vê se não some da minha vida de novo.

Gritou Yunho, antes que pudesse impedir as palavras de saírem de sua boca, para a jovem que já estava a certa distancia de si. Sentiu que seu rosto ficou corado no mesmo instante.

-Pode deixar –respondeu à jovem enquanto acenava com as mãos- A partir de hoje vai ter que me aturar para sempre.

Yunho esperou que ela sumisse de seu campo de visão para enfim trancar a porta. Foi quando se deu conta de como a sua visita o deixara com uma sensação estranha que não sabia definir... Uma sensação que não sentia a um bom tempo.


Próximo Capítulo: 29/10
Aguardem!

sexta-feira, 15 de outubro de 2010


Capítulo 22: Telefonema

Enquanto todos estavam ocupados com seus respectivos compromissos, Yunho permanecia em sua casa, sozinho e entediado.

-Que saco –reclamava Yunho debruçado na varanda enquanto observava discretamente a movimentação na rua- Estão todos ocupados se divertindo e eu aqui no tédio.

Yunho virou-se para a porta. Estava com fome já que a única coisa descente que comera durante o dia fora um prato de lámen instantâneo. Tirou as sandálias que calçava antes de entrar na sala e foi para a cozinha procurar algo para se alimentar. Abriu a geladeira esperançoso em encontrar algo que lhe fosse de agrado, porém decepcionou-se rapidamente.

-Droga! Nada pra fazer nem para comer.

Foi quando Yunho viu pendurado na geladeira por um imã o folheto de uma pizzaria e lhe veio a ideia a mente. Ligou e pediu a maior e mais completa pizza do estabelecimento. Ao desligar, pôs o telefone sem fio sobre a mesa da cozinha e dirigiu-se à sala, onde sentou-se no sofá e ligou a televisão. “Vou aproveitar minha folga deles e vou me esbaldar” pensou com um sorriso nos lábios. Ficou imaginando a pizza que iria chegar em breve.

“Vou comer entes que eles voltem” gargalhava o rapaz com o pensamento egoísta.

-Caramba... Nada para ver na televisão também?

O rapaz trocava de canal insistentemente, mas nada que passava no televisor conseguia tirar o tédio que sentia. Então desligou a TV e permaneceu sentado em seu sofá, pensativo.

“Será que devo sair também? Não... Já pedi a pizza. Esquece.”

Levantou-se Yunho do confortável sofá e foi até o quarto onde ficavam os instrumentos e onde ensaiavam suas canções. Quando estava prestes a entrar na sala, sentiu uma forte corrente de ar gélido percorrer o corredor da casa. Como estava apenas com uma bermuda, sentiu certo frio e resolveu ir até a porta da varanda, fechando-a. Em seguida, voltou ao quarto de ensaio.

-Que bagunça.

O rapaz mal conseguia se mover pelo quarto cheio de objetos, mas logo se acomodou em uma cadeira. Ligou o piano elétrico e começou a tocá-lo, lentamente. Foi então que seu tédio desapareceu. Ele e a música estavam ligados de uma forma tão profunda que quando se conectavam, eram como se o mundo a volta não mais importasse. Aquele era seu mundo. As melodias e acordes eram como o ar que respirava. Começou a cantar e a bela harmonia invadiu a casa. Estava completamente concentrado no que fazia, porém foi desperto de seus pensamentos ao ouvir seu celular tocar. Correu para atender, mas estranhou o fato de ser um numero desconhecido.

-Alô?

-Oi. É Yunho que está falando?

A voz ao outro lado da linha era de uma jovem. O tom era firme, porém suave. Até então, uma voz desconhecida para o rapaz.

-Sim. Sou eu. Quem está falando?

-Yunho, seu chato! Quanto tempo, hein?

-Chato? Esta louca? Quem você pensa que é para falar assim comigo?

“Quem é essa idiota? Que abusada” pensava indignado.

-Não está reconhecendo a minha voz? É a Scarlett.

O nome soou-lhe com uma pequena familiaridade, mas não conseguiu lembrar-se de onde e a quem pertencia.

-Scarlett? –deu uma pequena pausa antes de continuar- Desculpe, mas não conheço nenhuma Scarlett.

Yunho deu um sorriso constrangido por não se recordar da jovem que realmente demonstrava conhecê-lo.

-Argh! –bufou a garota- Pelo visto continua o mesmo lerdo de sempre.

O rapaz pode ouvir os risos da jovem ao outro lado da linha, o que o deixou extremamente irritado.

-Olha aqui sua maluca! Eu não sei quem você é. Estou perdendo meu precioso tempo dando atenção a uma pessoa que só sabe me insultar. Da licença por que sou um homem ocupado e tenho mais o que fazer. Até.

-Espera! Deixa de ser lerdo e mentiroso por que eu sei que você ta fazendo nada de importante. Como pôde esquecer-se da voz da sua melhor amiga de infância?

Enquanto a garota falava, Yunho se sentia cada vez mais confuso. Aos poucos, a familiaridade na voz dela aumentava, mas o rapaz sentia-se frustrado por não lembrar-se de quem se tratava.

-Jung, meu querido... É a Cath.

Ou ouvir o apelido da jovem tudo se esclareceu em sua mente. Por mais que os anos passassem jamais esqueceria este nome. Pode recordar de seu tempo do colégio, amigos e brincadeiras que outrora havia esquecido. Cath e Yunho estudaram juntos da 3º a 6º série e eram amigos inseparáveis, apesar de sempre implicarem um com o outro. Porém ao se mudar de Seul com seus pais, Cath perdeu contato com o rapaz e desde então nunca mais se falaram.

-Não acredito. –exclamava Yunho incrédulo enquanto se levantava da cadeira e desligava o piano- Cath, quanto tempo! Nossa realmente eu não me lembrava de você.

O rapaz se retirou do quarto, fechando a porta após sair, e se dirigiu até o sofá da sala, sentando-se.

-Seu ingrato! Justo eu que fui sua melhor amiga e era a única que conseguia te aturar. Era para lembrar-se de mim eternamente.

Cath amava alfinetá-lo, afinal, era o que ela fazia de melhor quando estudavam juntos. Yunho estava radiante. Era bom conversar com uma velha e boa amiga, ainda mais quando se estava entediado. Não lembrava muito de Cath. O pouco que lembrava era que se tratava de uma menina não muito alta, possuía cabelos lisos e era muito simpática. Uma garota aparentemente comum, sem muitos atrativos na época, mas com uma personalidade forte e determinada, algo que ele admirava. Fazia mais de nove anos que não se viam e estava a imaginar como ela estaria atualmente. Teria mudado ou continuava a mesma?

-Yunho, lembra aquela vez que você me deixou trancada na sala de aula e só depois de duas horas que o inspetor me encontrou? Seu idiota.

O rapaz pôs-se a rir ao lembrar-se de como aprontava na sua adolescência.

-Verdade. Você estava furiosa. Foi muito engraçado.

-Engraçado foi a suspensão que você levou.

Ficaram um bom tempo recordando o passado. Era como se nunca tivessem se afastado. Estavam se divertindo com as diversas histórias de colegial. Yunho não parava de rir. Enquanto conversavam, todas as remotas lembranças de seus anos de adolescente voltaram rapidamente a sua mente. Acontecimentos bons e ruins que até então haviam desaparecido devido a correria do dia-a-dia estavam sendo recordados pelos amigos.

-Ainda tem contato com algum dos outros alunos, Yunho?

-Só alguns... Uns dois ou três no máximo. Mas nem conversamos muito. Mas contatos de e-mails e coisas assim. O tempo acaba nos afastando de pessoas que amamos. É uma triste realidade.

-É verdade.

-Somos um grande exemplo disso, né Cath?

A garota sorriu timidamente ao outro lado da linha.

-Infelizmente sim.

Foi quando uma curiosidade surgiu a mente de Yunho.

- Cath posso te perguntar uma coisa?

-Claro Yunho.

-Onde você conseguiu meu número? Por que resolveu me ligar só agora? Por que não me ligou antes?

Yunho riu de si mesmo pela quantidade de perguntas feitas a amiga. Parecia mais um interrogatório, mas não se importava. Estava curioso demais pelas respostas.

-Calma –sorriu Scarlett- uma coisa de cada vez. Foi assim... Há um tempo que eu tenho juntado dinheiro para construir meu próprio escritório de advocacia e como meus pais voltaram para Seoul já tem três anos e a saudade estava forte, resolvi construí-lo por aqui. Quero ficar mais perto deles e também eu já pretendia voltar para Seoul há um tempinho.

-Então você tornou-se uma advogada? –perguntou surpreso- Meus parabéns! Jamais imaginaria que aquela garota idiota se tornaria uma advogada.

Yunho riu. Apesar dos anos, ainda sentia prazer em irritá-la.

-Vá se ferrar Yunho, mas obrigada pelos parabéns. Fiz meu nome como advogada e agora que estou no auge da minha carreira e bem financeiramente, tive a oportunidade de ter meu próprio escritório. Você também não saiu perdendo. Tornou-se um cantor famoso e bem sucedido. Parabéns. Não seja ruim e depois me apresente um de seus amigos? Eles são tão lindos.

-Não tão lindo quanto eu que sou o líder do grupo.

O rapaz pôs ênfase na palavra “líder” para poder impressionar a jovem.

Cath estava amando conversar com Yunho depois de tanto tempo.

-Já vi que continua o mesmo convencido de sempre. Você não muda mesmo, né?

-Eu? Só disse a verdade. Mas não se anime muito com eles.

-Por que?

-Todos já estão envolvidos com garotas.

-Sério?

Cath parecia surpresa e de fato estava. Por eles serem famosos, imaginava que a primeira coisa que sairiam nos jornais e revistas a respeito deles seria sobre eles estarem namorando, mas nada havia lido a respeito.

-Sim... Mas não estão exatamente com relacionamentos firmes. Por exemplo... Yoochun e Changmin são o caso mais complicado.

-Por que complicado?

Cath estava curiosa. A conversa estava cada vez mais interessante, afinal, estava ficando a par de fatos íntimos do grupo mais aclamado de toda a Ásia. Se sentia privilegiada.

- É porque eles estão apaixonados por duas brasileiras e elas estão em seus países, entende? Então eles estão apenas se comunicando por e-mails e telefonemas.

-Hum... Entendi. Mas... e Junsu e Jaejoong?

Yunho deitou-se no sofá, acomodando-se, enquanto sorria ao contar as fofocas intimas de seus amigos.

-Junsu e Jaejoong estão tentando sair com duas meninas que trabalham na produtora. Junsu de fato conseguiu... Ele neste momento está se encontrando com a menina lá da recepção... Nathália se não me engano. Já Jaejoong... –Yunho pôs-se a rir- Como explicar... Bom... Tem uma outra garota lá, Carla, que trabalha no setor de finanças. Ele esta apaixonadinho por ela só que, pelo que parece, a garota não dá a mínima a ele. Esta garota é amiga da Nathália, paquera de Junsu. Junsu contou a Jaejoong que após o cinema ela iria se encontrar com Carla no shopping e o besta foi atrás, para um encontro que só existe na cabeça dele. Será que você entendeu? Por que eu me enrolei todo.

Cath pode ouvir as gargalhadas do rapaz pelo telefone e começou a rir.

-Entendi mais ou menos. Mas é uma pena, para mim, é claro.

Yunho arregalou os olhos juntamente com o sorriso que estampava seu rosto.

-Deixa de ser assanhada.

-Olha o respeito, idiota. Não sou assanhada, ok? –Cath falava firme- Eles são lindos, o que posso fazer. Pior você que é o único solteirão. Consegue ninguém.

Cath riu do amigo, que começou a fazer um escândalo pelo telefone.

-Pode parando, esta bem? Estou solteiro por opção. Tenho milhares de mulheres aos meus pés, só que sei selecionar a ideal.

Yunho voltou a sentar-se no sofá, colocando uma das grandes almofadas por cima de seu colo. Cath começou a gargalhar.

-É muito convencido mesmo.

Ambos se divertiam com a conversa e estavam se sentindo super à vontade.

-Mas continue... Você não respondeu minhas perguntas. Prometo não te interromper mais.

-Está bem... É o que eu espero –disse Cath sorrindo- Continuando... Voltei para Seul ontem à tarde e ainda estou arrumando as minhas coisas. Em meio à bagunça, encontrei minha agenda de quando estudávamos na 5º série. Me deu uma saudade, Jung. Tem que ver. Têm fotos de nossos amigos, professores. Mas uma em especial me fez te ligar. Era uma foto que tiramos, só nós dois no pátio. Você está super engraçado. Atrás dela tinha o telefone de sua casa. Resolvi arriscar para ver se ainda era o mesmo e sua mãe me passou seu número celular.

-Entendi! Poxa, que legal, Cath! Então você está na cidade. Vai ficar de vez?

-Sim.

De repente, como num passe de mágica, Yunho teve uma ideia, que segundo ele, era perfeita.

-Cath, esta ocupada?

-Não. Bom... Mais ou menos. Como eu disse, ainda tenho algumas coisas para arrumar por aqui. Mas por que a pergunta?

Yunho jogou a almofada ao lado do sofá, e pôs suas pernas sobre o mesmo.

-Vem aqui em casa para conversarmos melhor! Estou sozinho e esta um saco. Acabei de pedir uma pizza enorme e logo estará chegando. Como não nos vemos deve ter uns dez anos seria bom nos reencontrarmos. O que acha?

-Não sei Yunho...

Cath ficou meio sem jeito com o convite. Havia anos que não via Yunho, mas sempre o acompanhava por notícias. Era inevitável reparar em como ele havia amadurecido e se tornado um homem atraente e muito sensual. Foi então que correu para o espelho para se observar. Estava meio desarrumada e iria precisar tomar um banho antes de ir. Não queria que ele tivesse uma má impressão dela depois de tanto tempo.

-Deixa de bobagem, Cath. Se quiser eu vou te buscar em casa.

-Não precisa... Eu tenho meu carro. Basta me passar seu endereço que logo estarei aí.

Yunho sorriu de orelha a orelha. Finalmente sua noite estaria salva do tédio e justamente com uma velha amiga. Estava curioso pra ver como Cath estava e conversar sobre os velhos tempos. Passou o endereço a jovem e desligou em seguida.

Cath correu para o banheiro a fim de aprontar-se. Ela sabia como Yunho estava lindo e não queria que ele a visse mal arrumada ou tivesse um pensamento negativo sobre sua aparência. Queria causar um ótimo impacto sobre o rapaz.

Enquanto isso, Yunho levantou-se do sofá e foi em direção a varanda.

“Engraçado como ao crescermos nos esquecemos da nossa melhor fase... a infância e adolescência. Vai ser bom relembrar isso um pouco” pensou ao mesmo tempo em que cantarolava Balloons.

Próximo Capítulo: 22/10
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